O ritmo de actualização do blogue tem sido lamentável, mas peço encarecidamente aos milhares de leitores fiéis que não me julguem. Ainda não tenho internet em casa. A Margem Sul é uma realidade alternativa e exige uma longa adaptação. Há rotinas novas e ritmos diferentes a assimilar. Chamei um táxi por duas vezes nas últimas semanas, mas em vão. Da primeira vez, a firma não reconheceu a rua, ou sequer o código postal. Da segunda vez (seriam umas dez da noite), a voz do outro lado da linha repetiu cautelosamente o nome do bairro e perguntou: "isso não é a zona dos cães selvagens?". O senhor da PT que veio instalar o telefone disse-me com um ar ominoso que "esta zona não é boa". Estava presumivelmente a vernacularizar um termo técnico, mas eu cresci com filmes de terror. Se me dizem com um ar ominoso que "esta zona não é boa" fico logo com vontade de pendurar dentes de alho e crucifixos no portão. Soube também que há um mito urbano na zona de Sesimbra sobre "actividade nocturna" em cemitérios. E na rua de baixo mora um senhor chamado Américo que tem um abrigo nuclear no quintal das traseiras.
No meio de tudo isto, o que mais inquieta é a possibilidade de sobreviver ao apocalipse e, como o pobre Duane Jones, ser sumariamente executado por falta de credenciais locais (as conversas no café continuam a cessar assim que eu entro).
Não há quem tenha um T1 em Telheiras para a troca? Contactos para o mail, sff.
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