O autor, dizem, é "investigador superior do American Strategy Program da New America Foundation", especialista em Geopolítica e nas questões da globalização. Na fotografia parece demasiado jovem para tantos saberes mas quem sou eu para duvidar.
Como não existe ainda tradução do livro o Courrier brinda-nos com um resumo, feito pelo autor, das suas principais teses.
O primeiro comentário que me ocorre fazer é que se trata de uma obra claramente destinada aos americanos e que se insere na categoria a que eu chamaria "assustar para convencer".
O resumo publicado pelo Courrier intitula-se "A queda do Império Americano" o que não podia ser mais apropriado.
O enredo é o seguinte: os americanos vão ter que partilhar o poder global com a Europa (UE) e com a China. Um triângulo cuja geometria o senhor Parag acaba por não esclarecer; escaleno, isósceles ou equilátero ?
Mas porque é que acontece uma "desgraça" destas ? o senhor Parag responde:
"A exibição unipolar dos Estados Unidos provocou contramovimentações diplomáticas e financeiras para impedir os EUA de construirem uma ordem mundial alternativa"
Como todos sabemos, e agora se confirma, não se pode dar muito nas vistas.
Parece-me que o autor trata a Europa com demasiada benevolência e optimismo, o que se compreende como uma liberalidade de argumentista, atribuindo-lhe virtualidades mas omitindo os óbvios emperramentos e círculos viciosos.
A Europa, acho eu, até está no enredo só para enfeitar pois a verdadeira chatice é a China e o seu expansionismo económico. Mesmo assim, e para assustar mais os americanos, o senhor Parag esquece-se de referir algumas desvantagens óbvias dos chineses. A língua, por exemplo, impede a China de se converter numa potência geradora de modelos de comportamento ao nível global.
Para dar uma achega ao senhor Parag aqui deixo a minha antevisão, humildemente e sem custos, já que não pertenço a nenhuma "America Foundation":
- A China converte-se na fábrica do mundo e, juntamente com os outros populosos países asiáticos, desloca não só a produção como os mercados para o Pacífico. As principais indústrias, tecnologias, serviços às empresas e bolsas de valores desenvolver-se-ão nas margens do mar da China e serão responsáveis pelo grosso da actividade económica do planeta.
- Os States, que passarão a designar-se VegasLand tornar-se-ão uma "potência de nicho", imbatíveis no entertenimento e na indústria do "life style". Os seu habitantes serão na sua maioria croupiers, actores, cantores, empregados da hotelaria e motoristas.
- Quanto ao continente europeu, que em cimeira dos 45 adoptará o nome "MusEuropa", especializar-se-á na cultura e no ambiente. Será aqui na MusEuropa que os chineses poderão experimentar sensações exóticas como frequentar o SNS à borla e fingir que têm pensões de reforma do tipo Caixa Geral de Aposentações. Também haverá excursões centradas em experiências radicais como passear e respirar sem máscara e tomar banho num rio sem vestir fato de mergulhador.
O resto do mundo será uma grande quinta de onde virão as couves e os bifes.
E viveremos felizes enquanto o aquecimento global permitir.
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