Sou contra o "aproveitamento" político dos Jogos Olímpicos por uma razão muito simples: isso é contrário ao próprio ideal dos jogos tal como foram criados e recriados na Grécia. A ideia foi, e é, estabelecer um período em que mesmo os inimigos mais ferozes se encontram para celebrar a competição pura do desporto.
Se alguém acha que esta ideia não faz sentido então deve simplesmente propor que os jogos acabem e não se fala mais nisso. Continuaremos a ter os Campeonatos Mundiais e muitas outras provas do mesmo tipo; Jogos Olímpicos, não.
Perante a campanha orquestrada com pretexto no Tibete o Comité Olimpico Internacional viu-se recentemente na necessidade de lembrar que não lhe compete resolver os problemas económicos e políticos do mundo. Disse também que muitos dos que "equacionam" o boicote dos Jogos continuam cínicamente a fazer grandes negócios em Pequim. O COI foi ao ponto de classificar como completamente falsa a tese, posta entretanto a circular, de que os Jogos tinham piorado a situação dos direitos humanos na China.
Quando se vê uma figura de opereta como Sarkozy ralhar com um país como a China, que incluía o Tibete quando a Corsega e a Bretanha ainda não integravam a França, é caso para pensar que o espírito colonial, mesmo depois de manifestamente impotente, perdura sem se precaver do ridículo.
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