Queria aqui apresentar, nos termos mais inequívocos, o meu protesto contra a rapidez com que os cafés e restaurantes deste país estão a aderir às luzes com detector de movimento para apetrecharem as suas casas-de-banho. O propósito, segundo me explicaram, é poupar energia, intenção contra a qual nada me move. Mas eu tenho, por acaso, um amigo que gosta de se instalar com o Record ou o Economist (ordem de preferência) no cubículo e passar lá uns confortáveis minutos de leitura. E acontece que há por aí determinados estabelecimentos em que o impulso conservacionista do detector de movimento é tão forte que não se vai lá com subtilezas: meras inclinações cranianas ou encolheres espaduares são ostensivamente ignorados. Não nego que haja óbvios benefícios económicos e ecológicos nestas rigorosas exigências motoras, mas custa-me que a dignidade do meu amigo - forçado a esbracejar como um lunático de 30 em 30 segundos para não ficar às escuras na retrete com o Record ou o Economist (ordem de preferência) - seja assim tão radicalmente relegada para segundo plano. Isto parece-me importante.
As minhas previsões para o resto da Liga dos Campeões são as seguintes: o Liverpool irá a Stamford Bridge virar a eliminatória, através de um lance tão inacreditavelmente deusexmachinista que o próprio Eurípedes abandonaria o estádio a meio, sob o pretexto de "escapar ao infernal trânsito londrino"; e Dirk Kuyt poderá tornar-se o pior jogador da história do futebol a marcar em duas finais consecutivas. A final da competição vai decorrer em Moscovo, no Estádio Luzhniki, um complexo desportivo cujas torres de iluminação não são activadas através de detectores de movimento (embora isso não me pareça a pior ideia do mundo neste momento).
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