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Quase sem distinção, surgem novos processos de fraude ou de corrupção. Já não lhe conhecemos os nomes ou as designações. Há bancos que estão em vários, do "furacão" aos "off-shores", das "facturas" ao "apito", da contabilidade paralela ao favoritismo, passando pela promiscuidade. Há gente que acumula irregularidades. Que todos conhecem, menos as entidades ditas reguladoras e a justiça. Ou, pior ainda, que talvez as entidades reguladoras e a justiça também conheçam...
O próprio primeiro-ministro pôs em causa a eficácia e a orientação ou do Ministério Público ou a de uma certa imprensa com acesso às "fugas" orientadas. Os processos de políticos, de grandes empresários, de banqueiros, de dirigentes de futebol, eventualmente de autarcas, de artistas e de atletas... não começam ou não chegam ao fim. Ou não se esclarecem. Ou chegam tarde. Ou prescrevem. E entretanto, o criminoso fugiu, o bandido desapareceu, o vigarista recomeçou vida...
Em qualquer dos casos que vem até ao proscénio, os protagonistas não se cansam de repetir que aguardam, "com serenidade", que justiça seja feita. Todos afirmam que respeitarão a justiça portuguesa e que nela confiam. Muitos pedem que se faça justiça rapidamente e bem. "Até ao fim", dizem. "Até às últimas consequências, doa a quem doer", acrescentam. É o que se diz. É lugar-comum obrigatório.
Mas a certeza é que ninguém espera com tranquilidade. Nem vítimas, nem culpados.
António Barreto, Público 25.01.2009
A descrição do problema está correcta mas discordo das conclusões.
Se os culpados dizem que aguardam "com serenidade" que a justiça seja feita não é por ser "lugar comum obrigatório" mas por saberem que nunca serão condenados.
Parafraseando Paulo Bento: haverá muita gente em Portugal que encara a justiça "com tranquilidade" mas não serão certamente as vítimas.
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