O Google Earth possibilitou-me um inesperado regresso a Ganturé, na Guiné. Há quarenta anos, a 7 de Setembro de 1968, fui mandado para "ocupar posição in the middle of nowhere". Pela foto acima parece que o local continua descampado. Era então um conjunto de vagas ruínas abandonadas pela exploração da mancarra (amendoim) quando começou a guerra.
O meu comandante, que era suposto comandar a acção, "deu parte de doente" à hora do embarque e, por tabela, vi-me inesperadamente com 200 fuzileiros nos braços para realizar a operação. Parti do cais do Pidgiguiti que ainda hoje se pode ver em Bissau através do Google Earth.
Quando cheguei a Ganturé, numa curva do rio Cacheu no Norte do país, tive que desembarcar muitas toneladas de equipamento debaixo de uma chuva diluviana e improvisar a guarda para a passarmos a primeira noite.
Salvo um ou outro bombardeamento de canhão sem recuo a que éramos sujeitos de vez em quando a vida lá se normalizou durante alguns meses. Recordo que foi neste local que soubemos pelo rádio clandestina, e festejámos, a queda da cadeira de Salazar ocorrida precisamente no dia da nossa chegada.
O local era inóspito, quente e cheio de mosquitos, e só havia "ar condicionado" quando acelerávamos no rio Cacheu.
O nosso cozinheiro, um minhoto de gema, organizava fantásticos defiles marciais para animar a pasmaceira em que vivíamos.
Esta é a fotografia "de família" com os homens do meu pelotão.
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Dedico este post ao novo site "GUERRA COLONIAL"
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