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Nos últimos tempos emergiu uma nova estrela na constelação dos comentadores, Rui Tavares. Já aparece a torto e a direito e pedem-lhe para se pronunciar sobre tudo e mais alguma coisa.
O discurso é fluente e as ideias por vezes interessantes mas está a cair num insuportável tom de guru para o qual parecem faltar-lhe idade e experiência.
No dia 20 resolveu estender a sua inteligência até à China na última página do Público (pode ser lido aqui).
Irritou-me logo o título "A bolha da China" pois induz uma semelhança que não existe. A China tem vivido de produtos materiais e não de ficções financeiras ou, sequer, de mercadorias virtuais.
Este começo denuncia o preconceito que depois é confirmado em passagens como:
"Nos últimos anos transferimos grande parte da capacidade produtiva mundial para um regime que parece estável mas que é sobretudo opaco"
Transferimos ? Quem ? Como ? Porquê ?
"Eles ganham em crescimento económico e capacidade para anestesiar o descontentamento interno."
O “descontentamento interno” não é anestesiado mas sim resolvido quando as pessoas começam a ter meios de vida decentes.
"Dir-me-ão: a China parece sólida. E eu direi: sabem o que mais parecia sólido, aqui há uns anos?"
Este argumento é infalível: “se nos enganámos uma vez podemos voltar a enganar-nos”. Brilhante.
"Não faço ideia sobre a probabilidade de rebentar a bolha económica da China. Esperemos que seja pequena — como esperámos com todos os sucessivos cenários pessimistas que se foram confirmando nos últimos meses — e que não ocorra no curto prazo."
Pelo sim pelo não talvez valha a pena considerar que a China tem reservas suficientes para estar dois anos sem exportar nada mesmo mantendo o actual nível de importações.
A hipótese é absurda mas ajuda a perceber a proporção das coisas. (Ver AQUI)
Na candidatura a Pacheco Pereira não se deve queimar etapas...
P.S. Descobri agora mesmo uma notícia a propósito da "bolha chinesa"
WASHINGTON (AFP) — O secretário americano do Tesouro, Henry Paulson, pediu nesta terça-feira à China que não abandone as reformas econômicas, estimando que Pequim tem "uma bela oportunidade" para aprender com os erros que provocaram a crise financeira nos Estados Unidos.
"Muitos na China olham nossos recentes fracassos nos mercados financeiros e concluem que devem deter suas reformas, mas esta é, exatamente, uma bela ocasião para Pequim aprender com nossos erros e avançar com reformas capazes de trazer benefícios importantes para o país e sua população", afirmou Paulson em um discurso em Nova York para o comitê nacional de relações sino-americanas.
Paulson assinalou quatro pontos que devem ser incluídos no "programa de reformas" dos dirigentes chineses: "reequilibrar as fontes do crescimento chinês para torná-lo mais harmonioso e eficaz em matéria energética e ambiental; criar ferramentas de política macroeconômica para garantir um crescimento estável e sem inflação; manter a transição para uma economia de mercado e baseada na inovação; e enfrentar os desafios demográficos".
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