O DN de hoje contém,não um mas sim dois, apelos ao renascimeto da esquerda.
Mário Soares em artigo intitulado "A crise global vista de Paris" avança: "Repensar a esquerda. Eis a que nos conduz o espírito do tempo, se queremos vencer a crise e substituir o sistema. Não se trata, como sugeriu o Presidente Sarkozy, de "destruir o capitalismo financeiro e especulativo e punir os responsáveis" para "refundar outro capitalismo", ou seja: a mudança necessária para que tudo fique na mesma. Trata-se de algo mais simples e concreto: manter a economia de mercado, introduzindo-lhe regras éticas e jurídicas estritas capazes de assegurar a justiça social, numa nova ordem político-económica mundial que tenha como objectivos: erradicar a pobreza, no plano internacional, reduzir drasticamente as desigualdades, encerrar os paraísos fiscais, centros principais de especulação, punindo os traficantes e os especuladores financeiros e voltando aos valores éticos."
Manuel Alegre, pelo seu lado, interroga-se: "Sabe-se que nada ficará como dantes. Mas em que sentido se fará amudança? Era aí que a esquerda deveria ter um papel. Mas onde está ela? Talvez algo de novo possa surgir de uma vitória de Obama. Pelo menos um sopro de renovação. Mas há um grande défice de esquerda na Europa. Uma nova esquerda só poderá nascer de várias rupturas das diferentes esquerdas consigo mesmas. Ruptura com as práticas gestionárias e cúmplices do pensamento único. Ruptura com a cultura do poder pelo podere com o seu contrário, a cultura da margem pela margem, da con-tra-sociedade e do contrapoder. Processo difícil, complicado, mas sem o qual não será possível construir novas convergências. Não para a mirífica repetição da revolução russa de 1917, nem para um modelo utópico global. Tão-pouco para segundas ou terceiras vias. Mas para uma via nova, que restitua à esquerda a sua função de força transformadora da sociedade e criadora de soluções políticas alternativas."
Pela milésima vez assistimos a este apelo que, no caso vertente e para complicar ainda mais as coisas, é feito em estereofonia deixando o cidadão sem saber a qual dos dois atender.
Bendita esquerda que tem ansiãos tão "prá frente" capazes de ressuscitar estes jovens "café com leite" que só se excitam com as coisas fracturantes. Em termos de longevidade política não ficam atrás de Santana Lopes.
Como diz João Miguel Tavares no mesmo jornal: "Em Portugal ainda estamos mais ou menos assim: há coisas com que não se brinca. E é uma pena que assim seja, porque uma sociedade que não se sabe rir de si própria é uma sociedade deprimida, infeliz e pouco inteligente. O riso é uma das características únicas da espécie humana e aquilo que nos separa dos outros primatas. Gente demasiado séria está mais próxima dos macacos do que aqueles que fazem macaquices."
Realmente neste país há certas coisas que já só podem ser levadas para a brincadeira...
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