O absurdo alastra, como a crise, e instala-se. Mao Tse-tung virou os pés pela cabeça. Despacho da LUSA:
O presidente de turno da União Europeia pregou hoje em Pequim, sob o retrato de Mao Tsé-Tung, à "refundação do capitalismo" para convencer o gigante comunista a integrar-se no exercício internacional para reforma das bases do sistema financeiro mundial.
Nicolas Sarkozy, que participa em Pequim na VII Cimeira Europa-Ásia, poderá ter protagonizado assim o que os historiadores venham no futuro a classificar de "ironia histórica".
Formalmente comunista, todavia, a República Popular da China, fundada há quase 60 anos por Mao Zedong, é actualmente um sócio imprescindível na altura de garantir a estabilidade e o fluxo de dinheiro à escala mundial.
Com as suas colossais reservas de divisas estrangeiras e a sua capacidade para injectar crescimento na economia do Ocidente, o regime chinês tem nas suas mãos uma poderosa ferramenta de recuperação nos momentos de crise financeira.
A VII Cimeira Europa-Ásia, que hoje teve início, prosseguirá no sábado com a promessa de que a China, que já superou a Alemanha como terceira economia mundial, cooperará no estabelecimento de novas regras que impeçam a repetição do ocorrido com o crédito hipotecário de alto risco.
Com a veemência que já o caracteriza, Sarkozy empenhou-se hoje a fundo perante o auditório de líderes para convencer todos de que "o Mundo vai mal", devido à magnitude, rapidez e violência que esta crise bolsista e de crédito está a derribar no ocidente instituições bancárias quase centenárias.
"Mal também porque o modelo de desenvolvimento económico, com as suas emissões de gases para a atmosfera está a por em causa a sobrevivência da espécie humana", argumentou.
"E mal porque 900 milhões de pessoas no planeta não têm o que comer, apesar de toda a riqueza que se cria", concluiu.
Debaixo do retrato de Mao, no Palácio do Povo, na monumental Praça de Tianamen, as afirmações do presidente francês, que preside também à UE, podem soar como revolucionárias.
O discurso de Sarkozy de "refundar o capitalismo" tem a discordância do presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, que já se distanciou publicamente desta forma de qualificar as coisas.
"Compartilho plenamente os objectivos (de Sarkozy), porém não utilizaria os seus termos, porque têm ressonâncias especiais no meu país", afirmou recentemente Durão Barroso, que na sua juventude foi militante maoísta.
Necessidade a quanto obrigas...
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