Em estilo de provocação, já que fará saltar muitas almas "políticamente sensíveis", reproduzo esta notícia do Público de 28 de Março. Isto tem pano para mangas...
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"Um novo pensamento do mundo contemporâneo através de um equilíbrio entre o liberal e o social.
O secretário de Estado adjunto e da Justiça, José Conde Rodrigues, apresentou ontem na Universidade Católica Portuguesa o livro A Política sem Dogma, ensaios sobre o liberalismo de esquerda.
O autor defende que o pensamento liberal não é exclusivo da direita. "O liberalismo contrapôs-se contra o antigo regime como pensamento de esquerda. Era a esquerda por por contraponto à direita", disse José Conde Rodrigues.
José Conde Rodrigues afirma também que "o primado da responsabilidade pessoal e virtudes civícas" não pertence a um pensamento político conservador. "Sempre foi uma herança da social-democracia o respeito pelos outros que procuram liberdade e se afirmam como pessoas", disse.A apresentação e prefácio da obra são da responsabilidade de Guilherme d"Oliveira Martins, que considera o livro uma "referência importante", no estudo do pensamento político. "Ao ler e reler muitos dos ensaios que compõem este livro encontrei um especial rigor e exigência", disse o antigo ministro da Presidência do governo de António Guterres.O actual presidente do Tribunal de Contas considera também que o livro corresponde à situação actual: "Tem a enorme virtude de fazer dialogar estes princípios [rigor e exigência] com a realidade." Para Guilherme d"Oliveira Martins, o socialismo liberal é o "assumir das raízes do pensamento do sécúlo XIX".
O ex-ministro considera-o fiel a três revoluções: a britânica, a norte-americana e a francesa. Revoluções essas que assentam no "constitucionalismo liberal e numa cultura de direitos e deveres, de que é paradigma a Declaração Universal dos Direitos de Humanos, e na consagração de instrumentos sociais de justiça distributiva e de coesão capazes de favorecer a moralização e emancipação, em nome da dignidade da pessoa humana". E afirma que é aquilo que Raymond Aron designou como "síntese democrático-liberal", correspondente ao complexo de direitos civis, políticos e sociais inerentes às democracias modernas, combinando as diversas liberdades, numa acepção participativa e de não impedimento".
Guilherme d"Oliveira Martins defende ainda que o trabalho de José Conde Rodrigues tem uma visão supranacional, sem esquecer o Estado-nação: "O nosso autor faz uma evolução do âmbito da acção política de hoje. Tem a preocupação de considerar a reflexão sobre a vida política sem esquecer a importância do Estado-nação, mas compreende que as razões resultam ao nível supra-estadual.""Esse elemento "Sem Dogma", que José Conde Rodrigues foi buscar a Mário Sottomayor Cardia, com inteira justiça, obriga-nos a pensar os novos caminhos do mundo contemporâneo a partir de um equilíbrio entre os argumentos liberal e social", afirma Guilherme d"Oliveira Martins no prefácio da obra.
Para o autor o livro não "pretende resumir um pensamento político, uma actualidade mas também não lhe foge porque corresponde a uma análise da vida política". E defendeu o papel do indivíduo na história: "É o indivíduo que vai mudando a história." José Conde Rodrigues considerou que há um tabu sobre a "matriz liberal". E defende a importância dos valores: "Devemos lutar por criar oportunidades para todos, pedir responsabilidades a todos, formar uma comunidade que englobe todos e buscar o universo dos valores que é fundamental."O secretário de Estado sublinhou a importância da liberdade e a afirmação do indivíduo: "A importância e o primado da liberdade , que tem de ser confrontados com novos direitos e uma reflexão do papel do Estado e do indivíduo."Ainda no prefácio, a que o autor recorreu no seu discurso, Guilherme d"Oliveira Martins diz que o livro "não passará despercebido, sobretudo para quem quiser conhecer os mais recentes caminhos do pensamento político, em especial na área do que Carlo Rosselli, Norberto Bobbio ou mais recentemente Monique Canto Sperber designaram como "socialismo liberal"".Presentes na apresentação da obra estiveram o ministro da Justiça Alberto Costa, o bastonário da Ordem dos Advogados, Rogério Alves, e o presidente do Supremo Tribunal Administrativo, Santos Serra.
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