(Texto ligeiramente alterado)
Eu não sou especialista em "teoria económica", mas alguém deveria recordar ao João Miranda que a solução de uma equação diferencial não é única, "a dele", como ele pretende demonstrar (usando só a informação que lhe convém, como lhe é habitual). A solução de uma equação diferencial depende das condições fronteira. A teoria do João Miranda aplica-se a sistemas que evoluem sem constrangimentos, mas os sistemas têm constrangimentos que ele não considera. A escolha de constrangimentos e de condições fronteira na economia corresponde ao que em linguagem corriqueira se chama "política" (para não dizer "ideologia"). A solução dele (que se traduz na total ausência de "política") não é a única e nem resulta de nenhuma previsão da "teoria económica", como ele quer fazer crer. Por exemplo, aqui e, principalmente, aqui.
Apesar de tudo, eu gosto sinceramente de ler o João Miranda. É um demagogo que não trata as pessoas como atrasadas mentais. É o demagogo ideal. Funciona perfeitamente para vítimas do "eduquês" e da impreparação matemática lusa. A esquerda tradicional portuguesa não faz a mínima ideia de como lhe responder. Argumentar com ele como deve ser dá, de facto, muita luta e requer muito trabalho de casa, algo que ele também faz. As pessoas que eu me recordo de ver contrariá-lo de forma mais eficiente são o Rui Curado Silva e (na área dos comentários do Blasfémias) o meu monitor MP-S - que curiosamente me ensinou os truques das condições-fronteira. Não por acaso, ambos têm formação em Física.
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