As reacções que tenho lido às recomendações da Igreja Católica sobre o tempo dispendido por católicos a ver televisão, ler jornais ou na internet fazem lembrar-me as à eleição do novo Papa, há um ano atrás: parecem-me totalmente exageradas, principalmente vindas de quem vêm (de pessoas que não têm nada a ver com o assunto).
Para começar: parece-me recomendável que não se perca tanto tempo a ver televisão e na internet. Eu próprio digo isto de mim mesmo, não por temer a Deus, mas após uma análise do meu quotidiano, e o mesmo se passa com muitas pessoas que eu conheço. É evidente que tal é uma análise pessoal, de consciência, com a qual nem o Papa nem niguém tem nada a ver, a não ser eventualmente a família e os amigos. Dito isto, não me parece nada que um líder espiritual - é isso que o Papa é - não possa dizer aos seus fiéis. Anda-se há anos a ouvir estatísticas que mostram que (principalmente as crianças) vemos muita televisão, e mais recentemente que passamos muito tempo no computador. Nunca ninguém se queixou de tais alertas. Só porque agora o Vaticano se lembrou de recordar tal facto aos fiéis, tal passou a estar errado?
Se refiro com ênfase "os fiéis" é porque é a estes e só a estes que a mensagem do Vaticano se destina. No entanto eu só ouço reacções à mensagem por parte de não-fiéis. Compreendo que certas posições dos líderes religiosos sejam criticadas por não fiéis, sempre que digam respeito a toda a sociedade. No caso da Igreja Católica, para dar os exemplos mais evidentes, compreendo que se critique - e eu critico, e bem - as posições relativas à sexualidade, particularmente ao uso do preservativo e à questão do aborto, entre outras. E acho muito bem que se retirem todos os crucifixos das escolas do Estado. Agora... não fiéis queixarem-se por alertarem os fiéis de que hoje em dia vemos muita televisão ou internet? Parece-me - e não é de agora - que os não-fiéis preocupam-se muito mais com as mensagens papais do que os fiéis.
Adenda de última hora: Ainda sobre este assunto, ler no DN Eu, pecador me confesso, por Miguel Gaspar.
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