Há seis anos que sou leitor regular de jornais britânicos e, neste período, apenas por quatro vezes exerci um dos mais aprazíveis direitos que essa condição proporciona: o puxar da indignação e escrever uma carta ao editor. Estreei-me nas vésperas do Euro 2004, com uma vociferante reprimenda a um jornalista desportivo do The Guardian, corrigindo um artigo seu onde uma declaração de Luís Felipe Scolari fora espectacularmente mal traduzida. Na segunda, para a secção de livros do Independent, protestei contra o elitismo bonacheirão que detectei numa apreciação a Philip K. Dick, e que considerei (deve ter sido antes do pequeno-almoço) uma gravíssima falta de respeito. A terceira foi para o The Scotsman, a propósito da Lei anti-tabagista. A quarta foi para o The Scotsman, a propósito da Lei anti-tabagista. O que aconteceu foi isto: apercebi-me de uma falha descomunal no meu primeiro argumento e, sob pseudónimo, escrevi nova carta a desmantelar a missiva original. Devidamente desmantelado, o argumento morreu, sem ninguém ter ligado pevide a mim ou a mim.
(O incidente, já agora, veio-me à memória porque acabei de jogar uma partida de xadrês contra mim próprio, na qual fui sumariamente derrotado; posso não ser o meu mais temível adversário, mas sou certamente o meu mais temível adversário).
Serve este preâmbulo para justificar a minha relutância em usar o blog para opinar sobre matérias "correntes". Não há qualquer alínea nos estatutos do "Pastoral Portuguesa" que me proíba de falar em referendos, manifestações e outros temas de interesse público. O receio de incorrer em polémicas estéreis e prolongadas com terceiros também é quase nulo. O que me apavora é a possibilidade de dar voz a um ponto de vista tão objeccionável que me impeça de voltar a olhar para mim próprio da mesma maneira.
A propósito, no dia 24 de Outubro de 1966, morria em Moscovo (de diabetes) a matemática russa Sofya Yanovskaya. Foi ela quem persuadiu Wittgenstein e Francis Skinner a abandonarem a sua curta aventura Soviética em 1935.
Não sei que extenso novelo Histórico esta singela acção terá desenrolado, mas de uma coisa estou certo: tenho sono e não consigo pregar olho. Não há quem me receite uma mezinha?
(O incidente, já agora, veio-me à memória porque acabei de jogar uma partida de xadrês contra mim próprio, na qual fui sumariamente derrotado; posso não ser o meu mais temível adversário, mas sou certamente o meu mais temível adversário).
Serve este preâmbulo para justificar a minha relutância em usar o blog para opinar sobre matérias "correntes". Não há qualquer alínea nos estatutos do "Pastoral Portuguesa" que me proíba de falar em referendos, manifestações e outros temas de interesse público. O receio de incorrer em polémicas estéreis e prolongadas com terceiros também é quase nulo. O que me apavora é a possibilidade de dar voz a um ponto de vista tão objeccionável que me impeça de voltar a olhar para mim próprio da mesma maneira.
A propósito, no dia 24 de Outubro de 1966, morria em Moscovo (de diabetes) a matemática russa Sofya Yanovskaya. Foi ela quem persuadiu Wittgenstein e Francis Skinner a abandonarem a sua curta aventura Soviética em 1935.
Não sei que extenso novelo Histórico esta singela acção terá desenrolado, mas de uma coisa estou certo: tenho sono e não consigo pregar olho. Não há quem me receite uma mezinha?
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