Monday, July 23, 2007

Cidadãos auto-imobilizados


Alguém tem que quebrar o silêncio políticamente correcto. O rei vai nu.

Os radares instalados em Lisboa, que impõem limites de 50 quilómetros à hora em locais como a Av. Infante D. Henrique, Av. De Ceuta, Av. Marechal Gomes da Costa, por exemplo, são uma verdadeira aberração.

Quem decidiu uma coisa destas não deve, não pode, ter a noção do que significa na prática tal velocidade. Deve ser uma simpática velhinha que nunca conduziu e que olha para os automóveis como manifestações demoníacas.

Chegámos a este ponto pelo processo habitual:

- alguns fanáticos isolam um problema social e resolvem absolutizá-lo para tornar aceitável qualquer medida correctiva.
- avançam com algumas pseudo-soluções que não resolvem o problema, nem beliscam interesses importantes, mas que incomodam todos os cidadãos comuns.
- como as intenções são piedosas ninguém, na área política, tem coragem para as contrariar.

A partir desse ponto todas as aberrações se tornam possíveis. Veja-se os milhares de “lombas” que foram espalhadas pelo país que, numa repressão cega, escangalham milhares de automóveis tornando-os assim mais aptos para os acidentes, para além de provocar lesões na coluna e mesmo casos de aborto.

Os políticos demitem-se da sua responsabilidade de perseguir os comportamentos reprováveis e anti-sociais e fingem resolver os problemas incomodando todos os cidadãos, quer sejam prevaricadores quer não. É revelador que só tenham iniciado as multas dos radares depois das eleições em Lisboa.

Estamos à mercê dos funcionários que ninguém elegeu e dos burocratas que retiram a sua realização pessoal da perseguição dos cidadãos inocentes.
As coisas podem, no entanto, piorar ainda mais.

Li algures que Helena Roseta negoceia com António Costa a atribuição do pelouro responsável pelo trânsito em Lisboa a Manuel João Ramos, o inspirador da “Associação dos Cidadãos Auto-mobilizados”.

Trata-se de uma pessoa que tem uma visão enviesada, e fundamentalista, da circulação rodoviária em resultado de uma tragédia familiar que todos, como é óbvio, lamentamos. Só alcançou grande notoriedade por ter acesso previlegiado aos meios de comunicação.

A sua nomeação para comandar os problemas do trânsito em Lisboa é tão absurda como seria nomear o familiar de uma vítima de incêndio, só por o ser, para dirigir a cúpula dos bombeiros, ou o parente de uma vítima de cancro para dirigir o IPO.

Os acidentes de trânsito fazem parte de um conjunto de problemas sociais que estão na moda e que conseguem uma atenção superior à sua importância real.
É fácil culpabilizar o cidadão “pecador”, ainda mais pecador na sua condição de proprietário, o que parece responder às necessidades da nossa matriz judaico-cristã. Também beneficia da espectacularidade dos acidentes.

Se a todos os automóveis fosse imposto um limite de zero quilómetros à hora haveria zero acidentes de viação. Como isso é impossível temos que encontrar um equilíbrio razoável entre a velocidade e os riscos.

Esse equilíbrio não é, certamente, 50 km/hora.
Dá sono, propicia distracções, emperra visivelmente a circulção.

Se têm dúvidas consultem, em referendo, a população de Lisboa.


clique a imagem para ver a localização dos radares

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