A luta do século XXI vai ser, estou convencido, evitar que parasitem os conteúdos que criamos.
Segue-se um texto do João Ramos, no Expresso desta semana, sobre as manobras em curso.
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E o Google incomoda muita gente...
A INTERNET tal como a conhecemos pode ter os dias contados. A Telecom Italia e a Deutsche Telekom abriram as hostilidades, reivindicando publicamente e junto das autoridades reguladoras o direito de introduzirem novas taxas sobre as empresas de Internet como a Google, Yahoo ou eBay.
Se a pretensão dos operadores europeus for atendida, a Internet passará, na prática, a ter duas velocidades - a que ocuparia a faixa lenta, e outra, mais rápida, que ocuparia uma faixa prioritária, cujo direito de utilização seria pago pelos fornecedores de conteúdos que assim o entendessem.
Mas esta cruzada não está a acontecer por acaso. Surge na sequência de um debate desencadeado no Congresso dos EUA sobre a «neutralidade da rede» que, nos últimos tempos, tem preenchido a agenda da regulação em telecomunicações do outro lado do Atlântico e que vai deixar tudo na mesma. Este princípio da «net neutrality» - que pressupõe que os operadores das redes não deverão ser autorizados a incluir taxas extra aos fornecedores de conteúdos para terem tratamentos preferenciais - levou a que uma posição dos Democratas (que queriam ver reforçado na lei o princípio da neutralidade da rede) fosse esta semana vencida no Congresso pelos votos dos membros do Partido Republicano, recusando, assim, dar mais poderes à FCC (Federal Communications Commission) nesta matéria.
Por outro lado, na Europa o assunto não está encerrado, sendo a posição da Telecom Italia e da Deutsche Telekom uma tentativa dos incumbentes recuperarem os vultosos investimentos que alegadamente têm feito nas redes de banda larga do futuro (algumas estimativas apontam para 80 mil milhões de euros na Europa).
As empresas nascidas na Internet são acusadas de terem enriquecido através do uso de uma infra-estrutura de rede na qual não investiram um tostão. Isto, enquanto os operadores sentem dificuldades em rentabilizar as suas redes fixas, com perda do mercado da voz para as redes móveis, e pela explosão dos serviços de voz sobre Internet (VOIP), como é o caso do Skype.
Para agravar a situação, as suas redes de telecomunicações estão a ser cada vez mais inundadas pelo tráfego informal («peer-to-peer», directamente entre particulares), que desencadeia grandes volumes de dados e conteúdos multimédia (vídeo e jogos) a circular na Net.
O EXPRESSO convidou a Anacom e a Portugal Telecom a manifestarem uma opinião sobre o assunto, mas até ao fecho da edição não obteve resposta. Por tudo isto, não surpreende que as pressões dos lóbis das duas partes já se tenham feito sentir em Bruxelas, numa altura em que a Comissão Europeia se prepara para rever o quadro regulador das telecomunicações.
Os representantes das empresas de Internet acham que a disponibilização de conteúdos na Web deve ser gratuita e igualitária, sob pena de se perder capacidade de inovação. Ou seja, querem que um videoblogue particular esteja disponível à mesma velocidade que um filme de um serviço «on demand». Posição contrária têm os operadores dos dois lados do Atlântico
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