Sunday, May 28, 2006

A zona oriental também "não foi esquecida"


Ontem o Diário de Notícias alertava para as descargas poluentes na zona de Belém/Alcântara que empestam o Tejo (ver o texto que segue).
Já fui "bafejado" junto ao Padrão dos Descobrimentos e ao meu lado os pobres turistas fotografavam o Infante enquanto protegiam o nariz.

Quero acrescentar que a zona oriental também "não foi esquecida" pelos nossos autarcas: quem, como eu, corra ao longo do rio entre a torre Vasco da Gama e a marina da Expo terá a oportunidade de se enjoar com os cheiros nauseabundos.

Aqui vai o texto do DN que referi anteriormente:

Na frente ribeirinha de Lisboa, os esgotos estarão a correr para o Tejo sem qualquer tipo de tratamento. O saneamento básico não terá chegado ainda à zona entre o Terreiro do Paço e o Padrão dos Descobrimentos, em Belém. Significa isto que, desde o início dos anos 90, bares, restaurantes e discotecas construídos sob a jurisdição da Administração do Porto de Lisboa (APL) estarão a fazer descargas directas para o rio.A denúncia partiu da Quercus, que considera o impacto ambiental "extremamente grave".

"As saídas de esgotos são tantas que formam focos de poluição concentrados em vários pontos da margem ribeirinha", diz Carlos Moura, dirigente do núcleo de Lisboa da associação ambientalista, esclarecendo, contudo, ser impossível determinar a quantidade de resíduos que afluem ao Tejo.O problema assume maior incidência nas Docas de Santo Amaro, em Alcântara, onde estão 20 estabelecimentos de restauração. "Os bares e restaurantes instalados em antigos armazéns nunca sofreram obras para o tratamento de águas residuais", critica o responsável.

Manuel Frasquilho, presidente da APL, por seu turno, garante que todos os estabelecimentos cumprem as normas de saneamento e que o "tratamento de águas residuais está integrado nas estruturas da cidade". O certo é que ninguém controla a rede de esgotos na área da APL. Contactada pelo DN, a Simtejo - Saneamento Integrado dos Municípios do Tejo e Trancão - explicou que a rede de saneamento está sobre a jurisdição da APL. Por outro lado, a câmara municipal diz desconhecer tudo o que se passa dentro do porto de Lisboa.

"O controlo e fiscalização do saneamento é da exclusiva responsabilidade da APL", assegurou fonte do pelouro do Ambiente da autarquia.O ambientalista da Quercus está convencido de que a Administração do Porto de Lisboa não cumpre com as normas de saneamento: "A zona entre Belém e Praça do Comércio não diz respeito aos efluentes dos cem mil lisboetas sem tratamento de esgotos, mas aos estabelecimentos instalados na frente ribeirinha."

E as saídas de esgotos são tantas, assegura, que formam focos de poluição concentrados em vários pontos do Tejo: "Além de ser impensável ter uma cidade como Lisboa a drenar esgotos para o rio, esta situação é ainda mais absurda porque ocorre numa zona nobre e turística da capital", censura o ambientalista.O perigo é incalculável, mas torna-se ainda mais alarmante por não existir "qualquer estimativa" sobre quantas captações há na margem ribeirinha ocidental do Tejo. Para ter uma ideia do número de saídas de esgotos construídos à beira-rio, o DN percorreu a zona ribeirinha entre Belém e Terreiro do Paço, tendo contabilizado 12 infra- -estruturas para escoar efluentes e 44 estabelecimentos de restauração, que se encontram sob a alçada da APL. A contagem, porém, nunca poderá ser rigorosa, uma vez que boa parte daquela área está interdita aos transeuntes.

É o caso dos terminais de contentores ou de outras áreas onde funcionam os serviços da Administração do Porto de Lisboa.Este é, no entanto, um exercício que todos conseguem fazer sem dificuldade. Basta circular junto à margem do Tejo e estar atento à cor do rio. Só em Belém irá encontrar cinco canais por onde os esgotos são despejados. Outros cinco estão localizados em Alcântara, enquanto as zonas de Santos e do Terreiro do Paço têm um cada.Ao longo de seis quilómetros há saídas de esgotos de todos os tamanhos.

É fácil localizá-las, pois, regra geral, estão próximas de cardumes de tainhas atraídos pela água barrenta que escorre para o rio. Próximo do Padrão dos Descobrimentos, por exemplo, é possível encontrar uma saída de esgoto que, a todo o minuto, despeja resíduos não tratados. Poucos metros mais adiante, há outro paraíso para tainhas e ratazanas: junto ao Restaurante Café In, uma canalização vaza em abundância, formando uma minipiscina de espuma no rio. Casos semelhantes vão--se repetindo ao longo de toda a margem até se chegar ao Terreiro do Paço.

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