Sunday, December 24, 2006

A melhor prenda


Bastou-me ver o título para decidir que a concorrência tinha sido pulverizada. Uma brevíssima consulta inicial pareceu confirmar essa impressão: tenho aqui brinquedo para muitas horas. Há capítulos sobre anagramas, cronogramas e lipogramas. Dúzias de puzzles carrolianos. E cheira a chocolate, o livro, juro que cheira. Tudo será aqui revelado em Janeiro.

(Queria também aproveitar este momento para dizer que tenho aperfeiçoado bastante uma arte na qual apresentava notórias deficiências: a de agradecer com insuspeita sinceridade presentes indecentemente mal escolhidos. Em quadras natalícias não muito longínquas, por mais gengiva que mostrasse, por mais suspiros de satisfação que conjurasse, havia sempre uma tia suficientemente perspicaz para adivinhar que aquele par de meias azuis estaria no contentor da reciclagem antes do Dia de Reis. Mas esta noite, por exemplo, consegui manter um sorriso durante 10 heróicos segundos, mesmo depois de ter sido submetido ao desembrulhar de um cd dos Coldplay. E só reparei que o sorriso vinha acompanhado por um ruidoso e violento ranger de dentes quando alguém me perguntou, com um ar muito preocupado, se eu estava com frio.
Mas não posso deixar de levantar a questão: o que é que leva um ser humano aparentemente racional a dirigir-se a uma loja de música, a sair de lá com o Rush of Blood to the Head, a enfiá-lo num pacotinho colorido, e a aplicar-lhe uma etiqueta autocolante com o meu nome?
Assim se azedam consoadas e se perdem amizades, em menos tempo do que leva a gemer "oh take me back to the start".)

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