Louie the Cunt, he lives in a dream
he drives around Versailles in his limousine
Louie the Cunt, he's feeling so bluesy
he can't even relax in his diamond jacuzzi
Oh oh oh your ma-jes-ty
spreading hi-po-cri-sy (4x)
Louie the Cunt, in his platform shoes
tries to ease the pain of his crown & throne blues
Yeah, Louie the Cunt, France is his toy
he's behaving just like an impotent playboy
Oh oh oh your ma-jes-ty
spreading hi-po-cri-sy (4x)
(organ solo)
Yeah Louie, your days are number-ed
'Cause you don't give your people bread
They've been starved by your mon-ar-chy.
Yeah Louie, soon you'll be dead,
and Marianne will then be fed
the tasty baguette of de-mo-cra-cy
The Church crumbles
The Monarchy slips
You descend from the Sun, but you're just an eclipse
Yeah, you're just an eclipse
You're History's eclipse
- The Happy Guillotineros, «Louie the Cunt», Progress and Pictures of Shit
(Nota 1: Mesmo tendo em conta o desenfreio simbiótico do final dos anos 70, os Happy Guillotineros eram uma raridade: o primeiro e (creio, espero, rezo) o último grupo a tentar compatibilizar as heranças antagónicas do punk e do prog rock. Dada esta atroz condicionante, não é de estranhar que a banda tenha implodido ao fim de 18 meses, apesar de o mentor do projecto ter continuado a usar o nome nas suas raras presenças em palco até meados dos anos 80. Jazmo Fingerer, confesso e fanático admirador de Syd Barrett e Captain Beefheart é uma daquelas figuras, pródigas na história da música popular, cuja imaginação excede desmesuradamente o talento; a sua visão - feita de austeridades rítmicas, preocupações sociais, e uso abnegado e borderline psicótico do velho mellotron - continha as sementes de uma lucidez polifónica que nem os colegas de banda, nem os produtores, nem provavelmente a sua mãezinha foram capazes de discernir.
- The Happy Guillotineros, «Louie the Cunt», Progress and Pictures of Shit
(Nota 1: Mesmo tendo em conta o desenfreio simbiótico do final dos anos 70, os Happy Guillotineros eram uma raridade: o primeiro e (creio, espero, rezo) o último grupo a tentar compatibilizar as heranças antagónicas do punk e do prog rock. Dada esta atroz condicionante, não é de estranhar que a banda tenha implodido ao fim de 18 meses, apesar de o mentor do projecto ter continuado a usar o nome nas suas raras presenças em palco até meados dos anos 80. Jazmo Fingerer, confesso e fanático admirador de Syd Barrett e Captain Beefheart é uma daquelas figuras, pródigas na história da música popular, cuja imaginação excede desmesuradamente o talento; a sua visão - feita de austeridades rítmicas, preocupações sociais, e uso abnegado e borderline psicótico do velho mellotron - continha as sementes de uma lucidez polifónica que nem os colegas de banda, nem os produtores, nem provavelmente a sua mãezinha foram capazes de discernir.
O único álbum dos Guillotineros - Progress and Pictures of Shit - começou como uma ópera-punk conceptual sobre a Revolução Francesa, mas as primeiras sessões de estúdio foram tão frustrantes que a banda decidiu descartar grande parte do material, substituir o produtor e recomeçar do zero. Permanecem alguns vestígios desse projecto inicial - em faixas como «Journée des Fucking Tuiles» e «Blood is the Life», com o glorioso refrão: 'O Marie Antoinette/ I see, I see the future/ It does not include your tête'.
«Louie the Cunt», ostensivamente sobre o Rei Luís XVI, divide duas secções que são puro punk-três-acordes com um solo de órgão que se prolonga durante quatro minutos e dezassete segundos. É uma peça intemporal, da qual Joe Strummer e Robert Fripp se poderiam envergonhar em conjunto. Pontuando a demência, a voz de Fingerer: um sibilar grotesco mas preciso, escandindo competentemente aqueles versos inqualificáveis como se estivesse no palco do Globe Theatre.
Jazmo Fingerer morreu em 1993, ao tentar voar, por nenhum motivo aparente, da janela de um quinto andar. A Lei da Gravidade, apesar de intimidada, manteve a promessa newtoniana, negando-lhe o acesso às alturas que o seu génio sem pinga de talento indiscutivelmente merecia.
Nota 2: Philip Larkin, cujo surpreendente gosto musical promete ser um manancial inesgotável para futuros biógrafos, era um grande fã dos Happy Guillotineros. E consta que não perdia um concerto.)
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