Dado a derrota que tinham sofrido no último referendo sobre a IVG (interrupção voluntária da gravidez) decidiram agora os movimentos do sim concentrar todas as suas atenções em duas questões que, segundo o seu ponto de vista, são as que estão em causa neste novo referendo. A primeira é que a mulher não pode ser criminalizada por ter praticado um aborto até às 10 semanas e a segunda é que este deve ser feito em estabelecimentos legalmente autorizados e não em clínicas de vão de escada.
Estamos aqui perante o politicamente correcto, ninguém foge ao tema e todos, com pequenas variantes, defendem o mesmo ponto de vista. Nenhuma mulher, ao contrário do que afirma Henrique Monteiro (do Expresso), voltou a defender que no seu corpo manda ela e as fotografias, que tanto escandalizaram no referendo anterior, de duas ou três mulheres em que aquelas palavras apareciam escritas nas suas barrigas, só têm voltado a ser publicadas por aqueles que querem contrapor ao destempero do não o radicalismo do sim.
Ora eu penso, que sendo verdades indesmentíveis as questões levantada pelo “sim”, aquilo que verdadeiramente está em causa na discussão sobre a IVG é a liberdade de opção da mulher, não para garantir que no seu corpo manda ela, mas se deseja ou não ter o filho que trás no ventre. Ninguém pode obrigar uma mulher a ser mãe do filho que, pelos motivos mais variados, não quer ter. A maternidade, mais até do que a paternidade, deve resultar de uma opção consciente da mulher. Só os filhos desejados é que são amados. Tudo o mais é terrorismo da Igreja e das suas concepções fundamentalistas sobre o que é a vida. Hoje a Igreja Católica com as suas opções doutrinárias extremamente sectárias, que por estranho que pareçam andam sempre à volta da sexualidade, está levando os católicos para becos sem saída e forçando-os a posições cada vez mais isoladas nas sociedades contemporâneas. Hoje, ao contrário do que diz o Cardeal Patriarca de Lisboa, as opções civilizacionais centram-se na liberdade de opção por uma maternidade consciente e não na defesa dessa concepção metafísica de que a “vida humana” se estende desde a concepção (junção do espermatozóide com o óvulo) até ao nascimento do novo ser.
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