O Jimmy Page (que, não posso frisar isto o suficiente, é meu amigo, no sentido em que um dia lhe fui apresentado num pub em Barnt Green pelo meu instrutor de condução, e se é verdade que não o voltei a ver, sou da opinião que a verdadeira amizade não encalha em pormenores) o Jimmy Page, dizia, tem mais fama que proveito na procissão negra dos plagiadores. Houve, de facto, no princípio, um ou outro acorde, mais espiritual que outra coisa, telepatizado directamente da guitarra do Jeff Beck para o primeiro álbum dos Zep. E o arranjo do «Black Mountain Side» foi palmado ao Jansch, não há volta a dar-lhe.
Mas a história do «Dazed and Confused» - e de outros supostos roubos a bluesmen americanos - sempre me complicou o sistema. Em rigor, é quase impossível "roubar" uma malha de blues; os próprios músicos admitiam que aquilo funcionava quase num regime de kibbutz: trabalho comum, mais cortesia aqui, mais trafulhice ali, mas não andava ninguém a registar patentes, nem a mostrar interesse em fazê-lo. Até o Dylan se fartou de reciclar ideias da folk americana , às vezes melodias, versos e tudo (o "Don't think twice, it's alright", por exemplo, é de um tipo chamado Paul Clayton), e ninguém lhe chama os nomes feios que chamam ao, volto a frisá-lo, meu amigo Page. Tudo bem - o Page meteu o nome nos créditos e, que se saiba, nunca devolveu um cheque. Mas fazer dele um Alves dos Rocks, e trazer à conversa os seus papos godzillicos, acho que é um bocadinho abusivo.
Além disso, há um Mal muito maior, e muito mais perto da nossa aldeia. Se querem ficar mesmo escandalizados, ouçam o «Chuva, chuvinha» da Linda de Suza, e depois o «Oh My God» dos Kaizer Chiefs.
Isso sim, é sério: a mala de cartão ter ido parar a Leeds.
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