«... Hadrian was famous for a love of 'curiosities' and an exploration of them. (...) With a tourist's mind, he was also a cultural magpie who stored and imitated what he saw. Back in Italy, near Tivoli, he built himself an enormous, straggling villa whose features alluded explicitly to great cultural monuments of the ancient Greek past. Hadrian's villa was a vast theme-park which included buildings evocative of Alexandria and classical Athens.»
Este parágrafo sobre Adriano, retirado do livro de Robin Lane Fox, The Classical World, sugere duas coisas espantosas: que a acumulação de simulacros kitsch não foi patenteada por Charles Foster Kane ou pelos herdeiros de Walt Disney; e que o impulso por detrás da arquitectura de Las Vegas - com a sua hotelaria piramidal e as suas réplicas de praças venezianas - não é apenas um capricho pós-moderno. O estudo dos clássicos, idealmente, deve servir também para isto: lembrar-nos que por entre a filosofia, a oratória e os aquedutos, os Antigos eram tão pirosos como nós.
O Imperador Adriano, transportado para os anos 80, talvez tivesse conseguido aumentar os índices de prosperidade e felicidade da década 'yuppie', e submeter o globo a uma anacrónica pax romana. Mas tê-lo-ia feito com togas de lycra, cabelo estillo 'mullet', e ao som dos Human League.
(Numa nota pessoal entre parênteses, sem a qual nenhum post neste blogue ficaria completo, esclareço que nunca estive em Las Vegas. Cheguei a organizar uma visita-relâmpago de 3 dias, em 2004, com os meus flatmates/casinomates da altura. À última hora, perdemos a confiança no nosso próprio bom-senso e cancelámos os planos.
É uma fantasia antiga, contudo, e estou certo de que a concretizarei na altura certa. O meu lado optimista diz-me que chegarei equipado com um eficaz bullshit-detector, transpirando sobranceria intelectual europeia, trazendo na mochila o livro do prof. Robin Lane Fox e o America do Baudrillard. O meu lado realista diz-me que andarei, três dias depois, já sem sapatos nem relógio de pulso, a tentar impingir o livro do prof. Robin Lane Fox e o America do Baudrillard numa das lojas de penhores do Strip, a troco de quatro dólares para torrar numa última fezada.
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