Há livros nas minhas estantes (ou neste momento, para ser rigoroso, nos meus caixotes) cujo cosmopolitismo me embaraça. Nutro especial admiração pelos que transpiram indícios de longas e árduas peregrinações, antes de terem encontrado - nas minhas lusitanas manápulas - o conforto relativo de um regresso a casa.
Dois exemplos: um livro de Joyce adquirido numa espécie de leilão em Hay-on-Wye escondia entre as suas páginas um calendário do Snoopy com os meses em português. E num alfarrabista de Inverness descobri uma edição de 1923 dos Elementos de Psychiatria, de Júlio de Mattos, assinada por um tal Abílio Fernandes, Setúbal.
Dois exemplos: um livro de Joyce adquirido numa espécie de leilão em Hay-on-Wye escondia entre as suas páginas um calendário do Snoopy com os meses em português. E num alfarrabista de Inverness descobri uma edição de 1923 dos Elementos de Psychiatria, de Júlio de Mattos, assinada por um tal Abílio Fernandes, Setúbal.
(Alguém me sabe dizer quem é o Abílio Fernandes, de Setúbal? Se é feliz, se a vida lhe correu bem, se quer o livro de volta? Se ainda se lembra que o «Delirio Chronico» é uma doença que «germinando sempre n'um terreno hypocondriaco, se denuncía nos seus casos typicos e eschematicos pela successão regular de tres periodos»?)
A situação mais insólita, contudo, envolve um livro que nunca me pertenceu: no Verão de 2001, na Biblioteca municipal de Bielsko-Biała, manuseei uma tradução polaca de Cortázar. Entre a última folha e a contracapa, estava um título de transporte não-utilizado dos autocarros da Carris. Como é evidente, deixei-o lá ficar.
A situação mais insólita, contudo, envolve um livro que nunca me pertenceu: no Verão de 2001, na Biblioteca municipal de Bielsko-Biała, manuseei uma tradução polaca de Cortázar. Entre a última folha e a contracapa, estava um título de transporte não-utilizado dos autocarros da Carris. Como é evidente, deixei-o lá ficar.
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